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Reconhecido com o selo de Indicação Geográfica, abacaxi produzido no Novo Remanso garante o sustento de produtores rurais do Amazonas
Turismo & Meio Ambiente
Publicado em 16/06/2020

Atualmente, cerca de 1,3 mil agricultores da região trabalham com o cultivo do abacaxi

 

Cultivado há mais de 50 anos na região do Novo Remanso, distrito do município de Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus), o abacaxi representa a principal fonte de renda para famílias de agricultores rurais do local. O fruto recebeu, no início deste mês, o selo de Indicação Geográfica (IG), na categoria Indicação de Procedência (IP), do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). O reconhecimento, publicado na “Revista da Propriedade Industrial” do Inpi, chegou como um incentivo para os produtores do Novo Remanso, que agora têm a expectativa de expandir a comercialização e exportar para novos mercados.

 

Os agricultores do Novo Remanso recebem apoio do Governo do Amazonas, por meio do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), vinculado à Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror). Dos 94,3 milhões de abacaxis produzidos no Amazonas, em 2019, 68,9 milhões (73%) foram provenientes do distrito de Novo Remanso, considerado o maior produtor de abacaxi do estado. Os dados são do Relatório de Atividades Trimestrais do Idam, que indica, ainda, que a região possui atualmente uma área plantada estimada em três mil hectares e cerca de 1,3 mil produtores rurais trabalhando com a atividade.

 

“Inegavelmente, o abacaxi do Amazonas, sobretudo do Novo Remanso, tem uma baixa acidez e é um produto diferenciado, muito doce, reconhecido pelo consumidor do Amazonas. E a partir da Identificação Geográfica daquela região, garantindo a procedência desse produto diferenciado, certamente esses produtores serão mais reconhecidos e valorizados”, frisou o titular da Sepror, Petrúcio de Magalhães Júnior.

 

Ele destaca que o reconhecimento nacional fomenta a cadeia de produção e possibilita o alcance de novos mercados. “Esse é um produto que tem grande potencial para a industrialização, para que o abacaxi e seus subprodutos tenham valor agregado e possam, além de atender o mercado de Manaus, atender mercados nacionais e internacionais, gerando mais empregos, mais renda, melhorando a qualidade de vida. Sobretudo, o selo exige a sustentabilidade do meio ambiente. Então, é perfeitamente conciliável a produção do abacaxi com a preservação da nossa floresta, a conservação dos recursos naturais”, ressaltou o secretário.

 

Agricultura familiar – Proprietário do sítio Santo André, o agricultor André Pessoa garante o sustento dele e da esposa por meio do cultivo do abacaxi há mais de 15 anos. “Eu sou a terceira geração de produtor da minha família, meu avô foi produtor, meu pai foi produtor. Sempre gostei de trabalhar com a terra, tenho no sangue isso. Hoje, eu e minha esposa dependemos apenas da produção do abacaxi, é a nossa única renda. A renda do Novo Remanso, no geral, e das comunidades adjacentes, Engenho, Vila da Pedras, é concentrada na produção do abacaxi”, observou.

 

O produtor colhe entre dois e três mil abacaxis por semana, que comercializa na feira da Manaus Moderna. “Eu trabalho para tirar um fruto com qualidade, inclusive eu gosto de comer o abacaxi na lavoura, porque prezo por essa qualidade. A gente se preocupa com o ser humano, esse abacaxi vai servir as mesas de seres humanos e vai, também, para a merenda escolar das nossas crianças. Ou seja, nossos filhos vão consumir, a gente precisa ter essa consciência”, considerou André Pessoa.

 

 

Fortalecimento – Gerleande Barros, que também é produtor rural e pertence a uma família de nove pessoas, em que todos trabalham com o cultivo do abacaxi, ressalta que o selo de Indicação Geográfica veio para fortalecer a produção local, abrindo novas possibilidades.

 

“Além da qualidade que nós já temos, o selo vem pra agregar valor e com certeza, vai abrir mais mercado para nós. É um certificado que nós precisamos para adentrar novos mercados porque, até então, nós não tínhamos registro e nenhum tipo de selo para nós conseguirmos barganhar novos mercados. Eu tenho certeza que para a economia do Novo Remanso o abacaxi é 90% da renda”, frisou.

 

Gerleande garante que o fruto produzido no Novo Remanso é diferente de todos os outros. “É o melhor abacaxi do mundo. O diferencial é o sabor, o carinho, o respeito pelo nosso consumidor, o respeito na produção e o compromisso de botar o melhor produto na mesa do cidadão. Esse é o melhor produto que nós podemos oferecer para quem come do nosso abacaxi. É um orgulho pra nós ser produtor do abacaxi de Novo Remanso”, disse o produtor.

 

Apoio do Idam – O selo concedido em nome da Associação dos Produtores de Abacaxi da Região de Novo Remanso (Encarem) é válido também para produtores rurais das regiões de Vila do Engenho, em Itacoatiara, e Caramuri, região pertencente ao município de Manaus. O reconhecimento vem coroar os produtores da região, que trabalham em parceria com os técnicos do Idam.

 

“Hoje, o Idam de Novo Remanso vem orientando a conscientização da questão do desmatamento e do uso correto dos agrotóxicos. Para isso, temos engenheiros agrônomos, técnicos qualificados para dar suporte a eles, que é o grande diferencial, ele conhecer a atividade como um todo. O Idam acompanha, orienta, tem os trabalhos das cooperativas em conjunto com o Governo na venda da produção para a merenda escolar, para o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), isso tudo em conjunto com a instituição Idam e com o agricultor familiar junto às cooperativas e associações”, pontuou Luciano Lobo, gerente do Idam de Novo Remanso.

 

“O Idam tem sido um parceiro essencial para a nossa produção, no controle de pragas, no acesso, na análise de solo, no acompanhamento técnico, no desenvolvimento de projetos, de financiamentos, de custeio. Posso dizer, com toda a segurança, seriedade e responsabilidade, que essa produção alocada aqui no Remanso, acredito que, no mínimo, 50% o Idam tem uma grande contribuição, porque sem o acompanhamento técnico fica inviável para o produtor ter o conhecimento de investir para poder alocar (recursos)”, enfatizou o produtor André Pessoa.

 

Fotos: Arthur Castro/Secom

*Redação: blogjrnews.com

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