Decreto da Prefeitura determina fim do pagamento em dinheiro, mas empresas do setor dizem não ter capital sequer para comprar os cartões do sistema. Treinamento de cobradores, venda de smart card e pontos de recarga também são incógnita
Após o decreto municipal que determina o pagamento da tarifa de ônibus exclusivamente por meio eletrônico, publicado no Diário Oficial na última quinta-feira (19), detalhes sobre o funcionamento do novo modelo ainda não foram totalmente esclarecidos para a população.
Um deles diz respeito ao capital de investimento necessário para a ampliação dos pontos de recarga em Manaus. Segundo o assessor jurídico do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) essa é uma das dificuldades para que o sistema passe a funcionar de maneira mais abrangente.
“A bilhetagem eletrônica já existe há 15 anos. Ou seja, tecnologia para isso já existe. A questão agora é viabilizar o acesso para a população. Quanto à ampliação dos pontos de recarga, depende dos recursos. Para se ter uma ideia, cada cartão que se utiliza na bilhetagem custa um dólar. Teria que comprar trezentos mil cartões. Seria um investimento de trezentos mil dólares, recurso que no momento estamos com dificuldade”, disse.
Debate na CMM
A mudança foi discutida ontem durante sessão plenária na Câmara Municipal de Manaus e defendida quase de forma unânime pelos vereadores. O único a se pronunciar contra foi o vereador de oposição, Chico Preto (PMN), que já havia pedido anulação do decreto da prefeitura.
“Tempos atrás, vereadores desta Casa levantaram suas vozes para que o cidadão tivesse o direito de pagar em dinheiro, e agora este direito é negado. É normal que aconteça a digitalização e a tecnologia, mas isso não acontece do dia para a noite. Não tem postos para comprar o bilhete, mas parece que nada disso está sendo discutido nesse momento”, declarou o parlamentar.
O documento não detalha sobre pontos específicos como o treinamento de cobradores, a aquisição de smart card e pontos de recarga. Para o vereador Cláudio Proença (PL), há aspectos positivos, mesmo que não especificados no decreto.
“Com o cartão passa-fácil você tem o direito de utilizar dois ônibus e pagar apenas uma passagem, com a integração temporal. A medida veio para levar sugestões de melhorias à população. Criticar, somente, não adianta”, resumiu.
O líder do prefeito na Casa, vereador Marcel Alexandre defendeu a medida. “O objetivo é acabar com os suspeitos desvios de dinheiro no transporte. Precisamos continuar dando forçad ao prefeito. O resultado terá que ser ônibus com melhores condições. O lado mau está retaliando a medida, mas a intervenção deve continuar”, contou.
Para lembrar
Na última quinta-feira (19) a prefeitura publicou no Diário Oficial do Município (DOM) um decreto determinando que o pagamento das passagens de ônibus seja feito exclusivamente por meio eletrônico. Conforme o documento, as empresas de ônibus têm, desde a data da publicação, um prazo de dois meses para implementar o sistema.
A medida faz parte da intervenção municipal no transporte, assinada pelo prefeito Artur Neto em 22 de julho como forma de controlar a entrada e a saída de recursos no sistema. A população que utiliza o transporte em Manaus e os trabalhadores rodoviários cobram respostas sobre como irá funcionar o serviço.
Foto: Altermar Alcântara/ SEMCOM
Por: REBECA BEATRIZ/ACRÍTICA
*Redação: blogjrnews.com