Primeira fábrica de patinetes e bicicletas elétricas da América Latina começa a operar em 2020 e vai gerar 500 empregos diretos e indiretos
Juntar solução em mobilidade urbana + tecnologia foi a receita que deu certo para a Yellow, fundada em 2018 pelos sócios Ariel Lambrecht (cofundador da 99Táxi), Eduardo Musa (ex-Caloi) e Renato Freitas (cofundador da 99Táxi).
A empresa brasileira, conhecida pelas bikes e patinetes amarelos, se juntou à mexicana Grin no começo deste ano e formou a Grow Mobility, com atuação em sete países na América Latina e com ambições ainda maiores.
Como os negócios vão de vento em popa, a Grow escolheu Manaus para abrir a primeira fábrica de patinetes e bicicletas elétricas da América Latina. O investimento avaliado em R$ 25 milhões já está sendo gestado e começa a operar em 2020.
O projeto foi aprovado no dia 25 de julho, na reunião do Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus (CAS). Prevista para ocupar uma área de 5 mil m², a fábrica iniciará sua operação com a produção de cerca de 100 mil equipamentos por ano e 100 funcionários empregados diretamente, além da criação de mais 500 empregos indiretos na Zona Franca de Manaus.
Estratégia
A fabricação de equipamentos próprio, que até o momento são importados da China, vem para atender a expansão da empresa. Segundo a Grow, a produção própria terá como foco abastecer as operações da Grow em toda a América Latina e proporcionará uma redução de custo significativa, algo entre 30% e 40%.
“A fabricação própria será estratégica para o nosso negócio. Além de ser um diferencial importante em relação à concorrência, poderemos customizar os produtos para as demandas dos usuários da América Latina”, explica Marcelo Loureiro, cofundador e vice presidente da Grow.
A Grow também quer produzir bicicletas elétricas e patinetes adaptados à realidade das vias do Brasil e com mais durabilidade, uma vez que a vida útil de equipamentos compartilhados é de seis meses. “Podemos considerar fabricar patinetes mais robustos para enfrentar os buracos das nossas ruas, por exemplo. Vamos avaliar todas as possibilidades para atender melhor os usuários da nossa região”, explica Loureiro.
A Grow Mobility está presente em 22 cidades de sete países do continente (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Uruguai). No Brasil, a Yellow opera nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Santos, São José dos Campos, São Paulo, Ilhabela e Vitória.
Entrevista
1- O que representa para a empresa a entrada no Polo Industrial de Manaus em termos estratégicos?
Termos fabricação própria tem grande importância estratégica para o negócio da Grow. Acreditamos que teremos mais esse diferencial em relação aos nossos competidores, além do nosso conhecimento local e a atuação junto às comunidades, que são pontos-chave. Com fabricação própria, poderemos customizar os produtos às demandas específicas da América Latina.
2- Quais são as cidades que a Yellow já atua?
A Grow atua em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Goiânia, Santos, São Vicente, Campinas e São José dos Campos.
3-Quais serão as próximas cidades brasileiras que a Yellow irá atuar? Manaus está entre as favoritas?
A Grow sempre tem a intenção de abrir operação em outras cidades onde ainda não opera, mas ainda não temos detalhes sobre Manaus. Vale lembrar que a empresa precisa garantir que as áreas atendidas possuam a densidade necessária para uma operação saudável. Realizamos estudos constantes para determinar a quantidade de equipamentos em cada área de cobertura e também analisamos os impactos de novas áreas para operação.
4- Como funciona o aluguel da Yellow e quais são os valores das tarifas?
O serviço de compartilhamento é oferecido pelo aplicativo da Yellow e da Grin, disponível nas plataformas App Store e Google Play. Por meio deles, o usuário se cadastra, encontra e desbloqueia a patinete ou bicicleta mais próxima.
Para patinete, o custo é de R$ 3 para o desbloqueio e o primeiro minuto de uso, mais R$ 0,50 por minuto adicional. Já para bicicleta o valor varia de acordo com as cidades.
5- Como a empresa enxerga o potencial da economia compartilhada na América Latina, mercado que é o foco da Grin?
As cidades da América Latina em geral apresentam muitos problemas no trânsito e no transporte público, o que afeta a qualidade de vida das pessoas e aumenta a poluição. Acreditamos que, por essa razão, opções de micromobilidade são fundamentais para ajudar as pessoas, pois tiram carros das ruas e possibilitam aos cidadãos alternativas sustentáveis de deslocamento.
6- Como foi para os empresários enxergarem essa lacuna de oportunidade que fez a Yellow crescer tanto em pouco tempo?
Pelos motivos apontados acima, acreditamos que os latinoamericanos recebem muito bem as alternativas de micromobilidade. A Grow oferece uma alternativa sustentável e divertida de transporte em seus deslocamentos. As patinetes e as bicicletas compartilhadas são uma solução inteligente e acessível para a mobilidade urbana: não poluem, são silenciosas, ocupam menos espaço do que carros e motos e são fáceis de guiar, além de transformarem o deslocamento em um momento de lazer e interação com a cidade.
7-Qual é o faturamento da empresa hoje, que deu um salto em pouco tempo, tendo começado como uma startup?
A empresa não abre esses dados.
8- O que seria o conceito de micromobilidade para a Yellow?
Micromobilidade consiste em deslocamentos das chamadas primeira e última milhas. São pequenos deslocamentos entre bairros e/ou entre terminais de transporte público e o ponto onde o usuário deseja chegar e que, se feitos por modais sustentáveis como patinetes e bicicletas compartilhadas, podem ajudar a desafogar o trânsito das cidades, tornando-as lugares melhores para as pessoas viverem.
*Redação: blogjrnews.com