Melo se disse também surpreso com as acusações ao irmão. “Se isso for verdade, saio daqui sem acreditar em ninguém. Se for verdade, não é o Evandro Melo que eu peguei parar criar e trouxe para o meu governo”
Em depoimento nesta quinta-feira (8) na Justiça Federal, o ex-governador José Melo disse acreditar que foi atribuído a ele participação no esquema, que desviou milhões da Saúde do Estado, por ter assumido o governo durante a gestão de Omar Aziz, no dia 4 de abril de 2014, e por ter dado andamento a programas e mantido titulares, chefes de pastas e secretarias. Melo afirmou ser inocente e que só descobriu os desvios com a deflagração da operação Maus Caminhos.
Durante o interrogatório, Melo estava bastante nervoso e chegou a chorar. Ele disse para a juíza federal Ana Paula Serizawa, da 4ª Vara da Justiça Federal, responsável pelo processo, que, caso se exceda, a magistrada “puxe a sua orelha”.
Sobre a acusação do Ministério Público Federal (MPF), de que o ex-governador teria recebido dinheiro do empresário e médico Mouhamad Moustafa, apontado como líder do esquema criminoso, ele afirmou que não recebeu qualquer dinheiro seja pelas mãos de seu irmão, Evandro Melo, ex-secretário estadual de Administração, ou de qualquer pessoa em nome de Mouhamad.
“Ele [Mouhamad] pode dizer o que quiser”, declarou. “Nos autos, está comprovado de que ele não disse que o dinheiro seria pra mim. Ele faz referência que falou com o meu irmão como se fosse pra mim, mas tinha outros políticos disputando eleição. Por que tem que ser eu?”, acrescentou.
Melo afirmou que só veio ter conhecimento de quem era Mouhamad quando já era governador eleito, em março, quando Thomaz Nogueira, então titular da Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, relatou que havia na Saúde contratos vultosos, e o Mouhamad era o coordenador.
“Uma das determinações de contrato era reduzi-los e sem prejudicar os serviços. Nesse momento tomei conhecimento da existência desse senhor [Mouhamad]. Eu não sei onde me inclui ou me encaixo nisso [organização criminosa]”, destacou.
Melo se disse também surpreso com as acusações ao irmão. “Se isso for verdade, saio daqui sem acreditar em ninguém. Se isso for verdade, não é o Evandro Melo que eu peguei parar criar e trouxe para o meu governo. Se isso for verdade, vou me auto impor de vergonha. Eu morro dizendo que o meu irmão não fez isso. Se ele fez, que ele pague. Se me pedir a mão direita para salvar ele, eu dou. Mas eu não pedi para ele roubar para me dar. Não fale isso do meu irmão”, disse.
O ex-governador sustentou também em que nenhum momento tentou embaraçar as investigações policiais em relação à operação Maus Caminhos. Em 4 de janeiro de 2018, a ex-primeira-dama, esposa de Melo, Edilene Oliveira, teve a prisão preventiva decretada no dia 4 de janeiro de 2018, com o marido já preso, após decisão da juíza federal Jaíza Maria Pinto Fraxe.
“Se a senhora pedir do governo do Estado, há várias ações [minhas] determinando que a CGE [Controladoria-Geral do Estado do Amazonas] desse tudo que fosse necessário para o andamento do processo. Em nenhum momento tentei embaraçar, a minha gestão sempre se dispôs a contribuir para a investigação”.
Foto: Jair Araújo
Por: LARISSA CAVALCANTE/Acrítica
*Redação: blogjrnews.com