Meia vira segundo volante e recebe missão de ser o representante do técnico no elenco. Sobre o ex-companheiro em Madri ele diz: "Existe a possibilidade. Caso aconteça, eu ficaria muito feliz"
O comando técnico do Flamengo mudou, mas dentro de campo a referência de liderança continua a mesma: Diego. O camisa 10 foi mantido por Jorge Jesus como capitão do time e ganhou do treinador atribuições que vão além de ser seu representante dentro das quatro linhas.
A braçadeira dá a Diego autoridade diante do elenco, mas também o peso da responsabilidade de ser exemplo para os demais diante da cartilha de Jesus.
Muito respeitado pela nova comissão técnica, Diego virou o principal elo com o grupo e sua opinião tem peso nas decisões do dia a dia, até para que as diferenças culturais trazidas por Jesus não se transformem em bloqueio ou motivo para atritos. Por exemplo, foi levantada inicialmente uma hipótese de proibir a ida dos jogadores à praia nas horas livres, mas depois de uma conversa a determinação não se efetivou.
- Ele deu a mim e a alguns outros jogadores a responsabilidade de ser, acima de tudo, uma boa referência. Deixou claro que o capitão da equipe tem uma responsabilidade a mais do que os outros - disse o camisa 10.
Dentro de campo, Jorge Jesus dará a Diego uma nova função, após alterar o esquema tático. Caberá ao meia se transformar em um segundo volante para ajudar na marcação e não deixar o time vulnerável.
Em entrevista, Diego comentou sobre o trabalho feito na intertemporada, os muitos desafios do Flamengo, a contratação de Rafinha e a possível chegada de "um dos melhores amigos", Filipe Luis, com quem atuou no Atlético de Madrid.
GloboEsporte: Qual foi a grande novidade do Flamengo durante este período de intertemporada?
Diego: A chegada de um novo treinador com nova filosofia. Ele é muito exigente, e inteligente também. Nos passa segurança naquilo que está falando. Eu passei alguns anos na Europa, até que conheço. Mas são sempre novas ideias, sempre aprendemos. Tudo faz parte deste pacote, e nós estamos gostando.
No que o Jorge Jesus é diferente dos técnicos brasileiros?
Existem várias maneiras de vencer, e ele traz a forma que ele acredita. Acho que ele é um pouco diferente nessa cobrança com autenticidade a todo momento. Isso não é algo muito normal, mas faz parte do futebol e temos que saber lidar.
O que mais ele trouxe de diferente ao dia a dia do Flamengo?
Tem a cartilha da disciplina. Horários, o que pode, o que não pode... tanto dentro quanto fora do clube. Temos que ficar ligados nessa cartilha. Agora tem digital (biometria) na chegada, esperar a equipe toda chegar para poder começar as refeições, seja almoço ou jantar. São algumas das modificações.
Alguma orientação para quando estão fora do ambiente do clube?
Não... No começo chegaram a comentar sobre ir à praia ou não nas folgas, se podia ou se não podia. Comunicar se fosse sair da cidade... Não tínhamos esse costume. Mas é um grupo que não tem problema em seguir regras. Ele exigiu muito até agora, mas também já reconheceu essa qualidade da equipe, e isso para nós é bacana.
Mas pode ir à praia?
Pode (risos). No dia certo.
Como capitão, você ganhou atribuições extras com a chegada do Jorge Jesus. Como funciona isso no dia a dia?
Sim, ele deu a mim e a alguns outros jogadores a responsabilidade de ser, acima de tudo, uma boa referência e a ajudar a administrar esse lado disciplinar. Deixou claro que o capitão da equipe tem uma responsabilidade a mais do que os outros. Mas nunca tivemos problemas com isso neste grupo. Então, no que ele precisar neste aspecto estou pronto para ajudar.
Sobre o jogo-treino com o Madureira, qual foi a avaliação do teste?
Muitas ideias conseguiram colocar em prática, mas outras nem tanto, como é natural para um começo de trabalho. No geral acho que foi positivo. A vontade de todos de querer acertar foi muito grande. Por outro lado, temos que chegar para esse jogo contra o Atlético melhor e mais automatizado nos nossos movimentos. Isso vai acontecer.
Houve uma mudança tática...
Temos um novo sistema, todos viram que mudou bastante. Novas ideias.Um treinador bastante ativo à beira do campo.
Ficou à vontade na nova função com mais responsabilidade defensiva?
Estou jogando mais como um segundo volante e estou me sentindo muito bem. Fico à vontade nessa região do campo. Para o jogador, o mais importante é o sistema funcionar. Facilita para todo mundo. Queremos e podemos fazer bem.
Nesse período houve também a chegada de um reforço de peso, o Rafinha. Qual importância dele?
O Rafa eu já conhecia, é um amigo. Já jogamos muitas vezes contra, e algumas vezes juntos. Estou muito feliz por ter um jogador vencedor como ele aqui na nossa equipe, além de ter um caráter muito bom. Estamos muito satisfeitos.
Parece que tem mais um amigo seu com chances de ser contratado...
Não estou sabendo. Tem alguma coisa certa? (Risos). São possibilidades, né. O Flamengo está antenado no mercado.
Teve até foto ao lado do Paquetá com a camisa do Flamengo...
Verdade (risos). O Filipe (Luis) e o Dani (Alves). Se fala mais do Filipe Luis. Antes de falar dele, gostaria de falar dos que já estão aqui. Às vezes para falar de um, as pessoas diminuem outros. Temos muita qualidade com o Renê e Trauco, jogadores excelentes que têm feito um trabalho maravilhoso até agora. O Filipe é um dos maiores amigos que fiz no futebol. Sou fã, admiro muito. Caráter nota 10. Tem pessoas que a história falam por si só. É vencedor e sabe muito de bola. Mas a verdade é que não tem nada certo ainda. Existe a possibilidade. Caso aconteça, sem dúvida que eu ficaria muito feliz. Reforçaria um elenco que tem grandes objetivos.
Existe uma preocupação especial para este jogo pelo fato de ser disputado em gramado sintético?
Não treinamos em campo sintético. Existe esse diferencial, mas já conversamos e esse não é o principal. É uma equipe que coloca uma intensidade muito grande e é muito bem organizada. Temos que nos concentrar mais nisso. Precisamos no mínimo igualar essa intensidade, jogar bastante compactos. Qualquer espaço que deixarmos, eles aproveitam.
O jogo da Libertadores, contra o Emelec, é só no dia 24. Já bate a ansiedade?
- São muitos os nossos desafios nas próximas semanas. Com certeza já temos isso em mente, que a preparação foi feita para essa sequência de jogos. Mas agora o momento é pensar 100% no Athletico. Não podemos perder nossa concentração nesse jogo. Quando chegar a hora da Libertadores, estaremos prontos também. Parece frase feita, mas o jogo mais importante é realmente o próximo.
Sobre o Brasileiro, no ano passado o Flamengo era o líder até a parada da Copa. Depois, o Palmeiras tirou a vantagem de oito pontos e foi o campeão. O que o Flamengo tem que fazer agora para inverter esse papel?
Não temos tempo a perder. Precisamos vencer os jogos e nos confrontos diretos sermos muito fortes. É dessa maneira que pensamos. Há partidas que parecem fáceis, mas às vezes temos dificuldades. Então, temos que vencer e mostrar eficiência nos confrontos diretos.
Qual o recado para o torcedor que está com saudade de ver o time em campo?
Que eles continuem confiando, porque temos a noção exata do que representa vestir essa camisa. Queremos sim vencer jogos e alcançar nossos grandes objetivos nessa temporada. Vamos juntos.
Fotos: Alexandre Vidal/Flamengo
Foto: Reprodução
Foto: Ivan Raupp
Por Fred Huber, Ivan Raupp e Karin Duarte — Rio de janeiro
*Redação: blogjrnews.com