Atividade foi idealizada pela professora Gisele dos Santos Ribeiro com o objetivo de de incentivar a leitura de obras clássicas da literatura brasileira
A Escola Estadual Ruth Prestes Gonçalves, no bairro Cidade Nova, na zona norte de Manaus, serviu de palco para uma atividade inusitada, na tarde destae sexta-feira (31/05). Durante a hora do recreio, alunos da unidade de ensino realizaram um "flash mob" literário, explorando a narrativa de algumas das principais obras do Romantismo brasileiro, como "Memórias de um Sargento de Milícias" e "Inocência".
O projeto foi idealizado pela professora de Língua Portuguesa Gisele dos Santos Ribeiro e envolveu estudantes do 2º ano do Ensino Médio. Ela conta que o objetivo da ação foi otimizar o rendimento escolar dos pupilos. “A metodologia que usava em sala de aula, de ler os livros, copiar na lousa e fazer exercícios, não estava mais funcionando. Estava sendo ‘derrotada’ pelo celular”, afirmou a educadora.
Disposta a mudar esse cenário, Gisele se utilizou do famoso ditado: “Mantenha os amigos por perto; e os inimigos mais perto ainda”. Ao invés de "bater de frente" com a tecnologia, a professora resolveu se aliar a ela. “Usei uma sala de aula ‘invertida’. O celular, quando bem utilizado, pode ser uma ferramenta de ensino muito poderosa”, reforçou.
WhatsApp e e-mail - A educadora passou, então, a enviar material de estudo aos alunos por meio de WhatsApp e e-mail. Os questionários feitos em sala também ganharam contornos tecnológicos e começaram a ser aplicados em formulários do Google. “Essa mudança tem funcionado bastante. Percebi que os jovens que se empenharam tiveram um aumento considerável de rendimento”, pontuou.
O projeto metodológico culminou na atividade de sexta-feira. Gisele orientou os estudantes que fizessem uma apresentação resumida de quatro obras do Romantismo brasileiro: "A Moreninha", de Joaquim Manoel de Macedo; "A Viuvinha", de José de Alencar; "Inocência", de Alfredo d’Escragnolle Taunay; e "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antônio de Almeida.
“Espero que os demais alunos que assistiram [ao "flash mob"] tenham se interessado pelas narrativas e que procurem ler essas obras, que estão disponíveis em nossa biblioteca”, concluiu a professora.
Receptividade - Os alunos aprovaram a iniciativa de Gisele. Tanto que, durante a greve, muitos deles compareceram à Escola Estadual Ruth Prestes Gonçalves para dar andamento ao projeto. “Para realizarmos esse 'flash mob', todos nós [alunos] tivemos de ler essas obras. Então, alguma coisa ‘ficou na cabeça’. Quem sabe assim outros estudantes não criam o hábito da leitura?”, questionou Aline Marinho, de 15 anos.
A jovem, ao lado de Carlos Alexandre, 17, trabalhou na encenação de "Memórias de um Sargento de Milícias". “Foi divertido e interessante, pois saímos da rotina, que muitas vezes pode se tornar cansativa e enjoativa. É importante esse tipo de iniciativa para motivar os alunos”, acrescentou Carlos.
De acordo com a professora de Língua Portuguesa, os educadores devem tentar se enquadrar à realidade dos estudantes. “Nós, professores, não podemos mais nos colocar naquela época ‘tradicional’. A tecnologia faz parte do cotidiano dos nossos alunos, por que não usá-la a nosso favor?”.
FOTOS: CLEUDILON PASSARINHO
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