Criada por Maurice Ravel, a ópera é uma metáfora da infância e narra as desventuras de um menino que enfrenta as suas emoções
Foi por meio de um palco itinerante e marionetes que muitos alunos do Ceti Zilda Arns, no bairro Colônia Terra Nova, tiveram o seu primeiro contato com a ópera, na tarde de quarta-feira (29/05). Na ocasião, a unidade de ensino recebeu o espetáculo “O Menino e os Sortilégios”, que integrou o projeto “Ópera Mirim”, do 22º Festival Amazonas de Ópera. A apresentação foi realizada pelo Governo do Amazonas, por meio das secretarias de Estado de Educação (Seduc-AM) e de Estado de Cultura (SEC).
Criada pelo compositor francês Maurice Ravel, em 1919, a ópera é uma metáfora da infância e narra as desventuras de um menino que enfrenta as suas emoções. Por meio dos sortilégios (ou encantamentos), objetos ganham vida e ensinam o protagonista a viver de uma forma mais humana e generosa. A produção é assinada pela companhia paulista Pequeno Teatro do Mundo.
O titereiro Fábio Retty falou sobre a experiência de apresentar “O Menino e os Sortilégios” para estudantes da rede estadual do Amazonas. “O público [do Amazonas] é muito receptivo, curioso e aberto. Ele chega para assistir ao espetáculo com sede de conhecimento e sem grandes conceitos pré-elaborados. Essas crianças querem ver, conhecer. (…) Muitas vezes, este é o primeiro contato que elas têm com a música da ópera”, destacou.
De acordo com Fábio, projetos como esse ajudam a quebrar o estigma de que ópera é um “espetáculo elitizado” e aproximam a modalidade de crianças que não têm muito acesso à cultura.
“A cultura é o que define os nossos valores e elabora o nosso intelecto, o nosso ser. A partir do momento em que temos o primeiro contato com a ópera, vemos o quanto ela é apaixonante e uma linguagem como outra qualquer. As crianças se identificam de uma maneira sensorial com o espetáculo e a música as leva para outros lugares, novos caminhos”, completou o titereiro.
Gestora do Ceti Zilda Arns, Jone Helena Barbosa reforçou o momento único vivenciado pelos alunos da instituição, na quarta-feira (29/05). “É uma oportunidade ímpar na vida das nossas crianças, adolescentes e comunidade num modo geral. Essa aproximação entre a ópera e a nossa escola está trazendo uma cultura diferenciada aos estudantes, que, muitas vezes, não têm acesso a esse tipo de espetáculo. Para nós, isso significa muito. Gostaria de agradecer à Seduc-AM e à SEC por proporcionarem esse momento a nossos alunos”, frisou Jone.
Além do Ceti Zilda Arns, o projeto “Ópera Mirim” visitou, também, os hospitais infantis Dr. Fajardo e Joãozinho, e os municípios Santa Isabel do Rio Negro e Benjamin Constant.
Público – Ao encerramento, os alunos dos ensinos Fundamental e Médio do Ceti Zilda Arns foram só elogios à ópera “O Menino e os Sortilégios”. “Deveríamos assistir muito mais [à ópera]. Faz bem para a gente e nos ajuda a desenvolver um pensamento crítico. Hoje em dia, a sociedade está muito ligada à tecnologia, tínhamos que dar mais atenção a esse lado cultural”, pontuou Maria Almeida, de 16 anos.
A estudante já havia tido contato com a ópera em outras ocasiões – ela assistiu ao musical “O Fantasma da Ópera”, em São Paulo –, mas, da mesma forma, ficou impressionada com a montagem do Pequeno Teatro do Mundo. “Minha parte favorita é aquela em que ele [o protagonista] fica com saudade da mãe, logo após cuidar de um animalzinho ferido. Passa a mensagem de que devemos respeitar e ouvir mais os nossos pais”, concluiu Maria.
Já Emanuel Mota da Silva, 16, assistiu a sua primeira ópera aos 13 anos, na Ponta Negra. Segundo ele, as experiências entre os dois espetáculos foram diferentes, mas igualmente satisfatórias. “Dessa vez, achei mais emotivo, por conta da história”, explicou. “Projetos como esse são muito importantes, pois atraem as pessoas a uma forma mais comovente de cultura, ao invés de deixá-las na rua, em contato com a criminalidade”, finalizou.
FOTOS: José Augusto e Cleudilon Passarinho/Seduc-AM
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc):
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