Família de Claudio Santoro aplaudiu a estreia revisada da única ópera escrita pelo compositor amazonense
Para encerrar em grande estilo as estreias do 22º Festival Amazonas de Ópera, aconteceu na noite do último domingo (26/05), no palco do Teatro Amazonas, a primeira apresentação da ópera “Alma”, do maestro e compositor amazonense Claudio Santoro, o grande homenageado desta edição, com a presença de sua família. “Alma” vai ser reapresentada nesta terça-feira (28/05) e na quinta-feira (30/05), ambas às 20h, também no Teatro Amazonas.
O FAO é realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), com patrocínio master do Bradesco, via Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cidadania e Secretaria Especial de Cultura. A abertura foi no dia 26 de abril e o evento segue com apresentações de ópera, recitais e concertos até 30 de maio.
Para celebrar os 100 de nascimento de Santoro, com regência do maestro Marcelo de Jesus, o FAO fez a estreia da versão revisada de “Alma”, ópera do compositor amazonense, baseada na primeira parte da trilogia “Os condenados”, de Oswald de Andrade. A récita contou com a presença da família Santoro, que, momentos antes, recebeu placa de homenagem da Secretaria de Estado de Cultura e inaugurou a exibição “A Alma de Claudio Santoro”, em cartaz no Teatro Amazonas.
“É com grande felicidade, alegria e gratidão que nós recebemos essa homenagem. O Claudio é filho dessa terra e seu talento era amazônico. Ele veio dessa terra esplendorosa e sempre se orgulhou de ser amazonense. Essa homenagem é especialmente importante, porque teremos a apresentação da única ópera que ele escreveu. Agradecemos à Secretaria de Cultura e, especialmente ao maestro Luiz Fernando Malheiro, que sempre prestigiou o trabalho do Claudio. Temos certeza de que ele está lá em cima vibrando com essa homenagem e, assim como eu, chora de emoção por receber todo esse carinho”, declarou a viúva do maestro amazonense, Gisèle, ao lado dos filhos Alessandro e Rafaelo Santoro.
“É muito gratificante poder homenagear esse artista que, acima de tudo, representou nosso país tão bem. Em Brasília, onde morava, podemos ver muitos lugares que prestam homenagem ao maestro. Ele se foi precocemente, mas seu legado ficará na história”, afirmou o secretário estadual de Cultura, Marcos Apolo Muniz.
Emoção – A história de “Alma” se passa em São Paulo, nos anos 1920. O escritor João do Carmo ama a jovem Alma, que não o corresponde. A moça de 20 anos se apaixona por Mauro, um cafetão que a agride, obrigando-a a se prostituir em cabarés. Essa conturbada relação permeia a ópera, composta (música e libreto) por Santoro em 1985. A estreia no FAO contou com Corpo de Dança do Amazonas, Coral do Amazonas e Amazonas Filarmônica. A direção musical e regência ficaram por conta do maestro Marcelo de Jesus.
“Foi uma responsabilidade muito grande, porque não é uma obra fácil. Claudio Santoro escrevia com profundidade, o que é complicado de realizar tecnicamente. Sem falar, também, do próprio tema que é bem tenso, e ele conseguiu traduzir isso para a música de forma bem explícita. Os momentos de fúria das cenas de violência são percebidos tanto no palco quanto musicalmente”, ressaltou o maestro.
Ele contou, ainda, que a mudança de emoções na obra de Santoro é quase cinematográfica. “Os cortes devem ser feitos emocionalmente – são cenas que mudam de tragédia para momentos cômicos, uma coisa meio de cinema. E a obra foi pensada realmente em forma de quadros, algo bem característico do movimento modernista da época, e ele conseguiu fazê-lo excepcionalmente bem”, elogiou Marcelo de Jesus.
O maestro falou que sentiu uma pressão extra por ter os familiares de Claudio Santoro presentes na plateia. “O Alessandro tem conhecimento profundo sobre a obra do pai e sabe como a música dele deve ser feita. Isso coloca um peso extra nas costas de reger a obra de forma aceitável, mas com qualidade grande. Eles falaram que foram impactados com a nossa montagem, após muitos anos de tentativa. Eles conhecem muito da obra. Foi importante valorizar a opinião da família, ainda mais porque Gisèle foi a coreógrafa da primeira versão que apresentamos no FAO, em 1998, e até a filha Gisèle dançou na abertura”, lembrou.
Poder feminino – Com “Alma”, o diretor artístico do FAO, Marcelo de Jesus falou, também, sobre o tema que o festival levou ao palco do Teatro Amazonas, com a presença feminina em todas as obras apresentadas, mostrando que a ópera está conectada com o debate de temas atuais.
“Foi um festival que mostrou o poder da mulher. Em ‘Ernani’, Elvira mostrou as limitações impostas à mulher; ‘Maria Stuarda’ trouxe o embate entre duas rainhas; ‘Tosca’ sofre assédio e mata para se defender; ‘Mater Dolorosa’ trouxe o lado litúrgico, com o sofrimento de uma Mãe; e todo mundo conhece alguém que viveu uma história como a de ‘Alma’, que continua atual. Foi um tema que trouxe o empoderamento não apenas de palavras, mas mostrando uma diversidade de histórias, de superação de adversidades, e tudo começou quando começamos a formatar ‘Mulheres da Ópera’, trazendo à tona todos esses questionamentos”, destacou.
Sobre o 22º FAO – Em 2019, o FAO celebra o centenário de nascimento de Claudio Santoro com a apresentação da ópera “Alma”, do compositor e maestro amazonense. Também estão na programação “Ernani”, de Giuseppe Verdi; “Maria Stuarda”, de Gaetano Donizetti; “Tosca”, de Giacomo Puccini; e “Mater Dolorosa”, baseada na cantata “Stabat Mater Dolorosa”, de Giovanni Pergolesi.
Os ingressos para o FAO 2019 estão à venda na bilheteria do Teatro Amazonas e pelo site Bilheteria Digital (www.bilheteriadigital.com/teatroamazonas), com valores que vão de R$ 2,50 a R$ 60.
Sobre o Bradesco Cultura – Com centenas de projetos patrocinados anualmente, o Bradesco acredita que a cultura é um agente transformador da sociedade. O Banco apoia iniciativas que contribuem para a sustentabilidade de manifestações culturais que acontecem de norte a sul do País, reforçando o seu compromisso com a democratização da arte.
São eventos regionais, feiras, exposições, centros culturais, orquestras, musicais e muitos outros, além do Teatro Bradesco em São Paulo. Fazem parte do calendário 2019 atrações como o musical “O Fantasma da Ópera” e o Natal do Bradesco, em Curitiba.
Para mais informações sobre essas e outras ações, projetos e atividades desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Cultura, acesse o Portal da Cultura (www.cultura.am.gov.br). Confira também os perfis do órgão no Facebook, Twitter e Instagram - culturadoam.
FOTOS: Michael Dantas/SEC
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Cultura (SEC):
Caetaninha Cavalcanti (98834-8152).