Mais de 11 mil pessoas do município Nova Olinda do Norte (a 135 quilômetros de Manaus) receberam kits de ajuda humanitária do Governo do Estado neste sábado (04/05), incluindo seis filtros para purificação de água nas comunidades afetadas pela cheia do rio Madeira. A entrega dos kits, a 2.845 famílias, foi feita pelo governador em exercício e secretário chefe da Casa Civil, Carlos Almeida, na sede municipal e na comunidade Laguinho do Bom Jesus.
Na semana passada, o governador Wilson Lima entregou os kits a 2.147 famílias em Manicoré, também na calha do rio Madeira. As cestas básicas, kits de higiene, redes, lençóis, mosquiteiros, itens de limpeza, colchões, jogos de cama, travesseiros e os purificadores estão sendo levados aos 12 municípios em situação de emergência, nas calhas dos rios Juruá, Purus e Madeira.
O governador em exercício destaca que o Governo iniciou o planejamento para atendimento das comunidades atingidas pela cheia ainda em janeiro, envolvendo diversas secretarias. “A preocupação do governador Wilson Lima foi se antecipar às ações necessárias para amenizarmos os problemas enfrentados pelas famílias nesse período, na cheia e também na vazante. Queremos garantir condições sanitárias para que as famílias superem com dignidade esse período do ano”, afirmou Carlos Almeida.
Em Nova Olinda do Norte, as famílias receberam 2.418 cestas básicas, 5.691 kits higiene, 1.423 kits com redes, lençóis e mosqueteiros, 1.423 kits limpeza, 142 colchões, 142 jogos de cama, 142 travesseiros e seis purificadores SALTA-Z (Solução de Abastecimento de Água por Zeólita), tecnologia desenvolvida por servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), com custo 25% mais barato que equipamentos similares.
Atenção às pessoas - As famílias de Venina Vieira Machado, 60 anos, e de Joel Raio de Carvalho, 61 anos, estão entre as que receberam os kits de ajuda humanitária. Venina disse que a alimentação ajudará a sustentar sua família. “A enchente chegou bem próximo da minha casa e essa ajuda vem em boa hora”, afirmou. Joel conta que com a subida do nível do leito do rio Madeira, as plantações que cultivava foram destruídas, tirando a fonte de sustento da família. “Depois da cheia, vem a vazante. São seis meses antes de podermos voltar a plantar”, disse Joel.
Na comunidade Laguinho do Bom Jesus, a agricultora Djanira da Silva Brasil, 67 anos, conta que o purificador de água entregue pelo Governo do Amazonas garantirá água 100% potável, que nunca tiveram. “Bebemos água do rio mesmo. Coamos e quando está muito barrenta, às vezes misturamos com água da chuva para melhorar”.
Ajuda será ampliada - O secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas, tenente-coronel Francisco Máximo, explica que mais seis municípios decretaram situação de emergência: Tapauá, no Rio Purus; Borba, no Madeira; Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Tabatinga, na Calha do Alto Solimões; estes por inundação; e Manacapuru, no Baixo Solimões, por alagação.
“Na próxima semana, já teremos a avaliação concluída desses pedidos, para que providenciemos a ajuda necessária. Não podemos demorar; milhares de pessoas dependem desse suporte humanitário do Governo do Amazonas”. Segundo ele, o atendimento aos 12 municípios já em situação de emergência será concluído até a segunda quinzena desse mês.
Calhas de rio - O investimento do Governo do Estado na ajuda humanitária aos 12 municípios supera os R$ 5 milhões. Nessas localidades, informa a Defesa Civil, 104.096 pessoas serão beneficiadas com os kits, que darão o suporte mínimo necessário às famílias durante esse período de oscilações extremas no nível do leito dos rios.
Na calha do rio Madeira, 43.233 pessoas estão sendo atendidas, nos municípios Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Nova Olinda do Norte. Ao longo do Purus, 12.618 pessoas foram cadastradas pela Defesa Civil, nos municípios Boca do Acre, Canutama e Lábrea. Em Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Itamarati e Carauari, 48 mil pessoas receberão os kits do Estado.
Água potável para localidades mais isoladas
O sistema Salta-Z foi desenvolvido por servidores da Funasa e também segue o princípio de sustentabilidade, utilizando materiais ecologicamente corretos. Outra vantagem é que o equipamento custa cerca de 25% menos que os modelos tradicionais.
O sistema, que purifica água com tecnologia totalmente brasileira, é considerado uma solução inovadora pela capacidade testada, comprovada e certificada pela Funasa, em purificar água imprópria em água potável. Além de simples, o Salta-Z consegue atender a necessidade de consumo, para beber e cozinhar, de mil pessoas por dia.
O material utilizado para que a água se torne própria para consumo é o cloro na composição de compostos clorados (hipoclorito de cálcio e hipoclorito de sódio – líquidos, granulados ou pastilhas), podendo ter a opção do cloro orgânico.
Dos 61 municípios amazonenses, 40 têm problemas na provisão de água potável, que vão da precariedade do controle operacional e manutenção até a falta de controle de qualidade na distribuição da água para as comunidades mais isoladas. Por essa razão, o Governo do Estado buscou a alternativa e, por intermédio da Defesa Civil, vai distribuir um total de 400 purificadores de água à comunidades, equipamento que servirá para uso ao longo dos anos.
Fotos: Bruno Zanardo / Secom