O Comitê Estadual de Combate à Tuberculose realizou nesta sexta-feira (22/03), a 2ª edição da Caminhada Temática “Amazonas Livre da Tuberculose – Abrace essa causa”. O ato faz parte das estratégias utilizadas pelo colegiado, formado por representantes da Secretaria Estadual de Saúde (Susam) e demais órgãos estaduais, municipais e da sociedade civil organizada, para disseminar informações sobre a doença no Estado. No próximo dia 24 é celebrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose.
“Conseguimos passar nossa mensagem, que é mostrar para a população que a tuberculose tem cura, desde que a pessoa siga todas as orientações médicas e conclua o tratamento”, disse a médica Irineide Antunes, membro do comitê e diretora da Policlínica Cardoso Fontes, unidade da rede estadual de saúde.
Localizada na rua Lobo D'Almada, centro, a policlínica é referência no tratamento da doença em suas manifestações mais graves, como a tuberculose extrapulmonar, que acomete outros órgãos que não o pulmão.
A médica explica que todos os 62 municípios do Amazonas têm programas de combate à doença. Desta forma, diagnóstico e tratamento são realizadas nas próprias Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Segundo Irineide, a descentralização do tratamento é um dos avanços no enfrentamento desta doença. Em 2018, mais de 3 mil pessoas foram diagnosticadas com tuberculose.
“Hoje, a pessoa vai a uma UBS mais próxima de casa, recebe um recipiente para fazer o escarro em casa, retorna para entregar à UBS, que manda para o laboratório. Em seguida, o resultado é liberado, e a UBS acessa online. Caso dê positivo, o paciente já inicia o tratamento na própria unidade”, explica Irineide.
Casos graves - Seguindo o tratamento realizado nas UBSs de forma correta, em seis meses, o paciente fica curado. Segundo a médica, nos casos mais graves, em que o tratamento nas UBSs não alcança o resultado esperado, o paciente é encaminhado para a Policlínica Cardoso Fontes. Vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), a unidade oferece profissionais especialistas na doença.
De acordo com Irineide, quando a pessoa inicia o tratamento, mas para antes de concluí-lo, ela fica resistente à medicação. Então, quando a doença retorna, é necessário tratá-lo com outros tipos de drogas. Casos como esse, por exemplo, são encaminhados para a unidade de referência da rede estadual.
Segundo a médica, atualmente, há 648 pessoas em tratamento de tuberculose na Policlínica Cardoso Fontes. Nesses casos mais graves, o tratamento da doença pode levar entre 18 e 21 meses.
A médica conta que no Amazonas, em média, 12% das pessoas acabam abandonando o tratamento. Em Manaus, o número sobe para 15%. Para Irineide, os números são considerados altos. Os motivos estão ligados alcoolismo e também fatores socioeconômicos.
“Uma das principais causas é o alcoolismo. Porque o tratamento implica no uso de antibióticos, logo, não é aconselhado ingerir álcool durante o tratamento. Mas há também questões sociais e econômicas. Muitos têm dificuldade de pagar transporte para ir até a UBS pegar a medicação, não consegue comprar uma alimentação melhor”, conta Irineide.
“O tratamento da tuberculose foi descentralizado para as UBSs em 2010, como forma de melhorar o acesso. Mas por causa do preconceito que ainda existe sobre a doença, muitas pessoas preferem fazer o tratamento em uma unidade mais distante de casa. Como nem todas têm recursos suficientes para o transporte, acabam desistindo do tratamento”, complementa a médica.
De acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), o Amazonas registrou 470 casos novos de tuberculose em 2019 (janeiro e fevereiro). O mesmo período de 2018, o total de casos novos da doença chegou a 516.
Segundo a FVS-AM, ano passado, 3.165 pessoas foram diagnosticadas com a doença no Estado. Manaus é responsável por 73% dos casos registrados no Amazonas.
A doença - A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. A doença é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch.
A forma pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a saúde pública, principalmente a positiva à baciloscopia, pois é a principal responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença.
A forma extrapulmonar, que acomete outros órgãos que não o pulmão, ocorre mais frequentemente em pessoas que vivem com o HIV, especialmente entre aquelas com comprometimento imunológico.
Sintomas - O principal sintoma da tuberculose é a tosse na forma seca ou produtiva. Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório que é a pessoa com tosse por três semanas ou mais, seja investigada para tuberculose. Há outros sinais e sintomas que podem estar presentes, como:
• febre vespertina
• sudorese noturna
• emagrecimento
• cansaço/fadiga
O tratamento da tuberculose dura no mínimo, seis meses, é gratuito e disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS), deve ser realizado preferencialmente em regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO). Todas as pessoas que seguem o tratamento corretamente ficam curadas da doença.
FOTO: Bruno Zanardo / Secom
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Saúde (Susam):
Roseane Mota e Lúcio Pinheiro (98407-1699).