O Amazonas produz cerca de 385 milhões de laranjas e exporta parte dessa produção para Roraima. Com o objetivo de oferecer possibilidades da produção de outras variedades de laranjeiras e adaptá-las ao processo de cultivo local, pesquisa científica apoiada pela a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) é realizada pelo agrônomo e doutor em botânica José Ferreira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
O estudo pretende avaliar combinações de copas e porta-enxertos com alto potencial de adaptabilidade ao ambiente, resistência a pragas e doenças, além de oferecer variedades do fruto ao citricultor.
Conforme o pesquisador, as combinações que apresentarem um bom desempenho no crescimento e no desenvolvimento serão excelentes opções para o produtor sair da tradicional combinação laranja-pera sobre limão cravo, que praticamente constitui os pomares de citros no Amazonas.
“Atualmente o produtor local tem apenas uma opção de cultivo de laranja, que é a laranja-pera sobre limão cravo. No entanto, pragas e doenças de um pomar podem trazer certos prejuízos ao agricultor e destruir todo um plantio de citricultura e isso é muito arriscado. A ideia do projeto é essa: tentar oferecer novas opções de cultivo de laranja através de copa e porta-enxerto”, disse.
Processo - O pesquisador explica que porta-enxerto significa parte de uma planta que recebe a copa de outra planta para formar uma só, como por exemplo: porta-enxerto de limão, vem da muda de limão que foi enxertada com um pedaço (gema) de uma laranja-pera, onde essa parte cresce distribuindo os frutos.
O projeto vai além de contribuir com a economia do agronegócio em citros no Amazonas, a proposta geral é priorizar a sustentabilidade ambiental através de um manejo integrado.
“Através de novos métodos que permitam o uso de coberturas vegetais e suas associações em citros, vamos contribuir com um bom manejo e conservação do solo preservando e melhorando sua fertilidade ao longo do tempo, reduzindo os danos ambientais”, conta.
Testes - Com foco no plantio de laranja, os testes experimentais são aplicados em propriedades privadas no Rio Preto da Eva, na AM 010, km 113, fazenda Progresso; em Iranduba, na propriedade da Embrapa; e em Manaus, na propriedade Brejo do Matão, no km 14 da BR174. Os pomares implantados são, em sua maioria, pertencentes a agricultores familiares com áreas que variam entre 1 a 4 ha.
Pró-Estado - A expectativa é que até o final do projeto seja possível identificar quais das coberturas vegetais estudadas são mais eficientes para mitigar as emissões dos gases de efeito estufa (GEEs) pelo aumento do sequestro do carbono acima e abaixo do solo, bem como para o aumento de produtividade da cultura e rentabilidade do citricultor.
O estudo está sendo realizado por meio do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado), que visa fortalecer e ampliar a formação de recursos humanos em nível de pós-graduação stricto sensu, além de apoiar, com recursos financeiros, a melhoria da infraestrutura de pesquisa de instituições vinculadas ao Governo do Estado do Amazonas.
A pesquisa é uma continuação do projeto de Pesquisa e Transferência de Tecnologias para o Desenvolvimento da Citricultura no Estado do Amazonas, iniciado em 2013 em parceria com a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Fapeam.
Produção - De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), dentro dos sistemas produtivos desenvolvidos no Estado do Amazonas, a citricultura representa uma das principais potencialidades da fruticultura, com um total de 4.075 produtores familiares em todo Estado.
A produção da laranja envolve um total de área plantada de 4.142,31 hectares e uma estimativa de produção de 385 milhões de frutos. A fruta é exportada para o Estado de Roraima, totalizando em 2017 cerca de 4 milhões de frutos, envolvendo 8 produtores rurais devidamente credenciados pelo Ministério da Agricultura e assistidos pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), órgão oficial do Amazonas.
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