No Amazonas, 24 cavalos trabalham em patrulhamento, contribuindo na manutenção da segurança pública e em ações de cunho social, como a equoterapia
Com grande inteligência e capacidade física, os animais têm se mostrado indispensáveis em diversas funções sociais. De condutores de pessoas sem visão ao trabalho policial, eles conquistaram espaço e fazem a diferença. No Amazonas, os cavalos têm contribuído com a segurança pública, auxiliando policiais militares no patrulhamento das ruas e também no desenvolvimento de atividades sociais, como a equoterapia direcionada a crianças com deficiência. Essas atividades são realizadas pela Polícia Militar do Amazonas, por meio do Regimento de Policiamento Montado "Coronel Bentes" (RPMon), formado por 54 policiais cavaleiros e 24 cavalos.
Para que os animais executem com precisão as tarefas, tanto às relacionadas à segurança pública, quanto à atividade de equoterapia, os animais são capacitados diariamente no Comando de Policiamento Especializado (CPE), no bairro Dom Pedro, zona centro-oeste de Manaus. Os animais aprendem, entre outras técnicas, a lidar com barulho e aglomeração de pessoas e permanecerem calmos. Antes de cada dia de trabalho, os cavalos passam por cerca de duas horas por várias experiências que simulam o ambiente diário de patrulhamento, superando obstáculos, ambientes com fogos, barulho etc.
“O animal pode até se assustar com um foguete, mas ele será sempre dominado, sem prejuízo a saúde dele, do cavaleiro e da população”, explicou o comandante do CPE, o major D. Muniz, ressaltando que os militares que se tornam cavaleiros também passam por um treinamento específico. Ele explica que o curso de policiamento montado tem duração de três meses.
Treinamento - Os animais são treinados para participarem do patrulhamento em grandes eventos, como partidas esportivas, shows, exposições e grandes aglomerações. Os cavalos são altos, medem acima de 1,75 metros e pesam até 800 quilos. Em serviço, eles e os policiais são capazes de controlar distúrbios civis que eventualmente ocorram nas áreas patrulhadas.
“Com a altura privilegiada, o militar montado a cavalo consegue ter uma visão ampla do que realmente está acontecendo e, assim, age com assertividade. A presença dos cavalos é preventiva e desfaz aglomerações de pessoas, além de ajudar no controle e movimento da população. Uma situação na qual militares a pé teriam mais dificuldade. Os cavalos são dóceis e ficam sob o domínio dos cavaleiros”, explicou o explicou o comandante.
Como funciona o patrulhamento montado - Os animais são lançados em turnos diários, sendo que quatro cavalos saem para o patrulhamento a cada dia. Atualmente, existem 24 animais no patrulhamento montado do Amazonas.
“Hoje, o nosso regimento conta com 54 policiais montados na nossa unidade existente. Nós trabalhamos diariamente com a modalidade, o processo de policiamento montado a cavalo, em todas as áreas da cidade de Manaus. O nosso trabalho é um policiamento preventivo, focado principalmente nas áreas com um grande fluxo de pessoas, como o centro da cidade, o calçadão da Ponta Negra e demais áreas onde nós temos praças esportivas, onde há aglomerações de pessoas”, comentou o comandante.
Higienização e tratamento veterinário – Nem tudo é só trabalho. Os animais também recebem um tratamento especial com médicos veterinários durante a higienização e também recebem banhos terapêuticos.
“Nossos animais recebem, diariamente, tratamento no nosso Centro de Veterinária. Nós temos médicos veterinários, auxiliares veterinários e ferregeadores, além dos policiais que se dedicam inteiramente aos cavalos, cuidando deles com atenção especial”, comenta o major D. Muniz.
A higienização é feita nos animais conforme a escala de trabalho. “O banho ideal para o animal seria de 15 em 15 dias, para a gente manter uma pelagem bem limpa e bonita. A limpeza do animal inclui escovação e rasqueamento. Diariamente, nós passamos a rasqueadeira e a escova, para tirar o pelo morto e impurezas”, explica o sargento Presley.
A rasqueadura e a escovação diária nos animais também agem como uma massagem terapêutica. “Toda vez que passamos a escova, eles se sentem muito bem porque é como se você estivesse fazendo uma massagem no dorso dele”, afirma o sargento.
Projetos sociais – A Polícia Militar do Amazonas, por meio do Regimento de Policiamento Montado (RPMon) “Coronel Bentes”, também promove a prática de ações sociais no Núcleo de Equoterapia, desenvolvido pela unidade de polícia especializada.
A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência. O Núcleo de Equoterapia atende atualmente 58 praticantes, entre crianças, jovens e adultos. O atendimento é realizado uma vez por semana, com duração de 30 minutos. Dentre os beneficiados pela equoterapia da Cavalaria estão pessoas com paralisia cerebral, autismo, hiperatividade, deficiência auditiva e síndromes de Down, de Asperg e de West.
Para participar da terapia com os animais, é preciso preencher alguns requisitos, conforme explica a chefe do Núcleo de Equoterapia da Cavalaria, a 1ª tenente Daiane Veras. “Nós temos pré-requisitos para fazer a equoterapia. Em primeiro lugar, a criança tem que ter uma pré-autorização do médico, atestando que ela está apta. Isso é concedido geralmente por um neurologista".
Há dois anos, o pequeno Adam Yacub, 6 anos, participa da equoterapia. Além da postura, ele melhorou progressivamente a autoconfiança. “Ele melhorou na coragem dele, ficou mais sociável e mais alegre. Ele vem com felicidade para fazer a equoterapia”, comemora Mohamed Yacub, pai do menino.
Para a psicóloga da Equoterapia, Maria Eulália Campos, a interação com os animais é benéfica em diversos sentidos, gerando ganhos nas relações sociais e físicas desses pacientes. “A autoconfiança do Adam melhorou muito. Quando ele monta no cavalo, consegue ver o mundo de igual para igual”, exemplificou.
O Núcleo de Equoterapia, hoje em dia, tem uma lista de espera de aproximadamente 300 pessoas para o ingresso no programa social da Polícia Militar do Estado do Amazonas.
FOTO: Roberto Carlos / Secom