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Em Davos, Bolsonaro diz que quer compatibilizar preservação ambiental com avanço econômico
Brasil - Internacional
Publicado em 22/01/2019

Em sua estreia em eventos internacionais, o presidente Jair Bolsonaro discursou nesta terça-feira (22) na abertura da sessão plenária do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

 

Leia a íntegra do discurso de Bolsonaro em Davos

No discurso de pouco mais de seis minutos, Bolsonaro afirmou que:

 

O governo investirá "pesado" em segurança para que estrangeiros visitem mais o Brasil

Pretende "avançar" na compatibilização de preservação ambiental e desenvolvimento econômico

Diminuirá a carga tributária para "facilitar a vida" de quem produz

Trabalhará pela estabilidade macroeconômica

Respeitará contratos

Promoverá privatizações

Fará o equilíbrio das contas públicas

Colocará o Brasil no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios

Fará a "defesa ativa" da reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC)

Defenderá a família e os "verdadeiros" direitos humanos

Protegerá o direito à vida e à propriedade privada

Promoverá uma educação voltada aos desafios da "quarta revolução industrial", que consiste na aplicação de tecnologias modernas (como inteligência artificial, automação e 5G) na indústria

Bolsonaro foi o primeiro chefe de Estado da América Latina a discursar na abertura do fórum. Cerca de 250 autoridades do G20 (grupo que reúne as 20 principais economias do mundo) e de outros países compareceram ao evento, porém, a edição deste ano tem ausências importantes: os presidentes Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França), Vladimir Putin (Rússia) e os primeiros-ministros Theresa May (Reino Unido) e Ram Nath Kovind (Índia).

 

O encontro deve contar com apenas três líderes do G7 (grupo formado pelos sete países mais industrializados do mundo): o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Giuseppe Conte.

 

Preservação e desenvolvimento - Diante das desconfianças internacionais em relação à política do governo para a preservação ambiental, o presidente disse na abertura do fórum que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e afirmou que o governo quer compatibilizar preservação do meio ambiente e biodiversidade com avanço econômico.

 

Criticado por ambientalistas pelas mudanças que implementou na estrutura de preservação ambiental do governo, ele citou estatísticas para demonstrar aos líderes do planeta que o agronegócio não estaria avançando sobre áreas de preservação ambiental, como as florestas.

 

Segundo Bolsonaro, a agricultura ocupa somente 9% do território brasileiro, e a pecuária, menos de 20%. "Nossa missão é avançar na compatibilização da preservação do meio ambiente e biodiversidade com avanço econômico", discursou.

 

“Hoje, 30% do Brasil são florestas. Então, nós damos, sim, exemplo para o mundo. O que pudermos aperfeiçoar, o faremos. Nós pretendemos estar sintonizados com o mundo na busca da diminuição de CO2 e na preservação do meio ambiente", complementou o presidente depois do pronunciamento, ao responder perguntas dos organizadores.

 

Negócios - O presidente destacou que pretende investir em educação e repetiu, mais uma vez, que deseja tirar o "viés ideológico" dos negócios realizados com outros países, "visando o comércio com aqueles que comungam com práticas semelhantes à nossa".

 

Reforma na OMC - Bolsonaro defendeu uma reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais", disse no discurso.

 

Abertura da economia - Ele também afirmou que o governo vai promover uma abertura na economia do país. "O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste governo."

 

'Crise ética' e corrupção - O presidente afirmou à plateia do fórum que assumiu a Presidência da República com uma "profunda crise ética, moral e econômica". Após dizer que não aceitou pressões políticas para montar seu ministério, o presidente apresentou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, como "homem certo" para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.

 

Segurança - "Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido", declarou.

 

Reformas - Bolsonaro afirmou que tem "credibilidade" para realizar as reformas que o Brasil precisa e que o "mundo espera", sem especificar quais seriam as mudanças estruturais que pretende propor ao longo do mandato.

 

Ao final do pronunciamento, ao responder perguntas do fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, Bolsonaro mencionou a intenção de realizar as reformas previdenciária e tributária.

 

"Pretendemos diminuir o tamanho do Estado, realizar reformas, por exemplo, como a da Previdência e tributária, queremos tirar o peso do Estado de cima de quem produz, de quem empreende", afirmou Bolsonaro.

 

Mercosul - Em outro trecho da fase de perguntas e respostas, Jair Bolsonaro relatou aos participantes do fórum que conversou com os presidentes Mauricio Macri (Argentina), Sebastián Piñera (Chile) e Mario Abdo (Paraguai) sobre a necessidade de fazer mudanças no Mercosul. O bloco também é composto pelo Uruguai.

 

O presidente brasileiro não citou quais alterações defende, mas já defendeu, após um encontro com Macri, um Mercosul “enxuto”.

 

“Estamos preocupados sim em fazer uma América do Sul grande, que cada país, obviamente, mantenha a sua hegemonia local. Não queremos uma América bolivariana como há pouco existia no Brasil em governos anteriores”, afirmou.

 

'Resposta' à esquerda - Bolsonaro ressaltou as vitórias recentes em países do continente de políticos de centro e de centro-direita o que, segundo ele, é uma “resposta” à esquerda. “Creio que isso seja uma resposta que a esquerda não prevalecerá nessa região, o que é muito bom no meu entender, não só para América do Sul, bem como para o mundo”, opinou.

 

Foto: Fabrice Coffrini/AFP

Por G1 — Brasília

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