O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou nesta quarta-feira (20/08), durante o Amazon ON 2025, que o próximo leilão para fornecimento de energia a sistemas isolados, previsto para setembro deste ano, terá como exigência mínima o uso de fontes renováveis. A medida busca reduzir a dependência do óleo diesel na geração elétrica na Amazônia, hoje responsável por mais de 60% do abastecimento dessas localidades.
O edital, que deve ser publicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até o fim de agosto, prevê a contratação de lotes para 11 localidades nos estados do Amazonas e do Pará. No Amazonas, serão contemplados dois blocos: o primeiro atenderá Camaruã, Novo Remanso, Cabori, Parauá e Limoeiro, e o segundo, Anamã, Anori, Caapiranga, Codajás e Coari. No Pará, será atendido o município de Jacareacanga.
As informações foram divulgadas durante o painel “Energias Renováveis: Uma nova era de fontes alternativas”, realizado no AMAZON ON 2025, que reúne mais de 40 especialistas do Brasil e do exterior para debater como a tecnologia, sobretudo nas áreas de comunicação e energia, pode impulsionar o desenvolvimento sustentável na região amazônica.
Com mediação de Patrícia Naccache, oficial nacional de Hidrogênio da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), o painel contou com a participação do secretário-executivo adjunto do MME, Fernando Colli Munhoz; do diretor de tecnologia da Huawei Digital Power Brazil, Luis Roberto Valer Morales; do superintendente de Negócios Estratégicos da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional, Marcos do Nascimento Pereira; e do superintendente de Mediação Administrativa e das Relações de Consumo da Aneel, André Ruelli.
Segundo Fernando Munhoz, o modelo do leilão prevê que os empreendimentos participantes deverão garantir pelo menos 22% de fornecimento a partir de fontes renováveis, além de considerar o custo do carbono emitido no processo de geração, além da inclusão de preços de referência para biodiesel e etanol.
“O consumo de diesel nos sistemas isolados é superior a 60%. Nossa meta é estabelecer diretrizes e deixar que o mercado ofereça as soluções mais econômicas, incentivadas pela precificação do CO₂, sem aumentar custos para o consumidor”, afirmou.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que o Amazonas concentra o maior número de sistemas isolados do país, quase o dobro do registrado em Roraima, segundo colocado. Apesar do fornecimento parcial de gás natural na rota Urucu-Coari-Manaus, a maior parte das localidades ainda depende de diesel para a geração elétrica.
Para Patrícia Naccache, o leilão é um passo importante para a região. Ela destacou que existem duas soluções para sistemas isolados: interligar a rede de energia existente ou gerar energia local, por meio de fontes como a solar. “O leilão será um ponto relevante para impulsionar essas soluções”, afirmou.
O leilão será aberto à iniciativa privada, com regras que obrigam o fornecimento mínimo de energia renovável e precificação das emissões de carbono na hora do lance. A expectativa é que o mercado supere o mínimo definido sem encarecer a conta do consumidor final. Segundo Munhoz, o processo de licitação já passou por várias etapas preliminares, incluindo consulta pública às diretrizes do leilão e cadastramento de empreendimentos interessados na EPE.

“As coisas têm acontecido e há uma série de etapas preliminares ao leilão que estão sendo acompanhadas de perto, mas a data do leilão está prevista para o final de setembro”, disse Munhoz.
Fotos: Tabajara Moreno
Fonte: Tabajara Moreno/Três Comunicação