A doença, que atinge o fígado, pode levar a complicações, como cirrose e câncer, e até causa a morte
Durante o “Maio Vermelho”, campanha que alerta para os cuidados e prevenção contra a hepatite, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) adverte a população sobre os perigos da doença, que é silenciosa e pode levar a complicações, como cirrose e câncer (hepatocarcinoma), e até mesmo causar a morte.
A secretária da SES-AM, Nayara Maksoud, explica que, na rede estadual de saúde, a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) é a unidade de referência no tratamento de hepatite. Ela ressalta a importância da vacinação contra o vírus da hepatite A e B. E, também, da testagem regular para os tipos A,B, C e D, principalmente para os que têm acima dos 40 anos.
A vacinação e a testagem estão disponíveis de forma gratuita nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). A vacina é indicada a partir dos 12 meses de idade. Ainda não existem vacinas que confiram proteção contra os tipos C, D e E.
A hepatite pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, além de acidentes ocupacionais, doenças autoimunes, metabólicas e genéticas, entre outras. “Por ser uma doença muitas vezes silenciosa, sem manifestar sintomas, é importante as ações que alertem sobre os perigos que pode causar”, destaca a secretária Nayara Maksoud.
De acordo com o painel epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), em 2023 o Amazonas teve 436 casos confirmados de hepatite B, 179 de hepatite C, 30 de hepatite A e 28 da hepatite D, além de 122 mortes pelos quatro tipos da doença, para os quais é feita a testagem na rede pública.
Este ano, até o dia 2 de maio, a FVS já contabilizou 105 casos confirmados de hepatites: sendo 68 do tipo B, 31 do tipo C, quatro do tipo A, e dois do tipo D.
Nesse período, 21 óbitos já foram registrados no Estado. Conforme o painel epidemiológico FVS-RCP não há registros de mortes por hepatite E no Amazonas nos últimos sete anos.
Secretária de Saúde, Nayara Maksoud
Tipos de hepatites
As hepatites virais são infecções que atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas.
Entretanto, quando presentes, podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
A hepatite A, muitas vezes, está relacionada à falta de saneamento básico, a questões de higiene pessoal e dos alimentos. É uma infecção mais leve e que já existe vacina para prevenção. A hepatite do tipo B é contraída através da relação sexual desprotegida ou contato sanguíneo.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), a hepatite C é considerada a maior epidemia da humanidade, contaminando cinco vezes mais do que a AIDS/HIV. A infecção é contraída pelo contato com o sangue. Não existe imunizante contra esse tipo, mas é possível prevenir.
A do tipo D, as formas de transmissão são idênticas às da hepatite B, sendo: por relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada; da mãe infectada para o filho, durante a gestação e parto; compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos);
A hepatite do tipo E também pode provocar grandes epidemias. A transmissão ocorre pela via digestiva. Localidades com falta de saneamento básico podem sofrer mais com a proliferação da doença. Outra forma não muito lembrada de infecção pelas hepatites B, C e D é por material de manicure.
O médico infectologista Paulo Luís Ferreira, da FMT-HVD, destaca que as hepatites são fáceis de serem detectadas, principalmente quando se manifestam com a cor amarelada da pele e dos olhos, que chamamos icterícia. “Com os exames disponíveis, atualmente, podemos detectar os tipos A, B, C e D da doença, mesmo quando os pacientes estão sem sintomas, até mesmo as do tipo B, C, D que são as que costumam ficar ‘incubadas’ em alguns casos e causar cirrose e câncer de fígado”, afirma o infectologista, destacando que os exames disponíveis na rede pública de saúde detectam os quatro tipos da doença.
Fotos: Arquivo FVS-RCP e Evandro Seixas