O estudo sobre o inseto conhecido como pium ou borrachudo (Simulium guianense), é amparado pelo Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, da Fapeam
Com ampla distribuição na Amazônia, o inseto conhecido como pium ou borrachudo (Simulium guianense), foi o foco de uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), desenvolvida no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). O estudo teve como objetivo analisar a diversidade dessa espécie ao longo de sua distribuição geográfica, conhecimento necessário para compreender a epidemiologia da doença oncocercose ou cegueira dos rios, associada a essa espécie.
Amparado via Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, da Fapeam, o estudo intitulado “Caracteres moleculares e morfológicos para revelar diversidade críptica: o caso de Simulium guianense Wise (Diptera: Simuliidae)” foi coordenado pela doutora em Entomologia Neusa Hamada, do Inpa, que realizou coletas no Brasil, na Guiana Francesa e na Venezuela, com a colaboração científica de pesquisadores da Universidade Central da Venezuela e do Instituto Pasteur na Guiana Francesa (França).
Segundo a pesquisadora, a fase larval dessa espécie ocorre em rios de grande e médio porte, em áreas de corredeiras e cachoeiras. Esse inseto é responsável por transmitir o agente que causa a doença oncocercose ou cegueira dos rios, como também é popularmente conhecida. Os sintomas da doença são coceira, erupção cutânea e, no caso mais grave, pode levar à cegueira. Essa doença, atualmente, está restrita a áreas brasileiras e venezuelanas do povo indígena Yanomami.
Ela complementa ainda que devido à ampla distribuição, a espécie é suspeita de ser composta por espécies crípticas, que são espécies morfologicamente muito similares, mas, que podem diferir na sua biologia, ecologia e capacidade vetorial.
“Distinguir espécies crípticas é importante para compreender a epidemiologia das doenças causadas por patógenos transmitidos pelo vetor, uma vez que as diferentes espécies que compõem esse grupo podem ter diferentes capacidades vetoriais, biologia e ecologia. O apoio da Fapeam foi essencial para a obtenção de amostras de algumas populações de Simulium guianense e, por todo insumo e infraestrutura necessários para realizar as análises morfológicas e moleculares”, afirmou a pesquisadora.
Metodologia
A pesquisa teve início em campo para a obtenção das amostras de populações do inseto vetor. No laboratório, o material coletado foi analisado morfologicamente, sob microscópio uma vez que os piuns são muito pequenos, eles medem menos de meio milímetro. Em seguida, esses exemplares das diferentes populações foram levados para o laboratório molecular, onde passaram por vários processos, até chegar à amostra purificada de DNA de cada exemplar analisado. A análise molecular final (sequenciamento do gene COI), foi realizada no laboratório temático de Biologia Molecular do Inpa.
“O material de pium coletado durante as parcerias com a Venezuela e Guiana Francesa, que estava armazenado no freezer do nosso laboratório, foi incluído nas análises para termos uma amplitude geográfica maior no nosso estudo. No Brasil, praticamente todas as populações de Simulium guianense foram coletadas e incluídas na análise”, disse Neusa Hamada.
Incentivo
Sobre o apoio da Fapeam para o desenvolvimento da pesquisa, Neusa destacou que “a comunidade científica do Amazonas tem muito a agradecer à Fapeam pelo grande apoio ao desenvolvimento da pesquisa no estado. Trabalho em pesquisa no Amazonas há mais de 30 anos e sou testemunha da grande diferença nas pesquisas realizadas no estado antes e depois da existência da Fapeam”, enfatizou.
Essa e outras pesquisas coordenadas exclusivamente por mulheres cientistas que atuam na capital e no interior do Amazonas, com o apoio do Governo do Estado, estão disponíveis no Portfólio de Investimentos e Resultados de Pesquisas do Amazonas – Vol.03, organizado pela Fapeam, sendo um total de 50 estudos já finalizados. Para saber mais acesse o link a seguir: https://drive.google.com/file/d/1jG8KQn9BO0Em9DI3i7cVz7wpC2Eur2j6/view?usp=drive_link
FOTO: Divulgação/Acervo da coordenadora da pesquisa, Neusa Hamada