O estudo recebeu apoio do Governo do Estado, por meio do Programa Fapeam: Mulheres na Ciência
Impulsionar o uso de novos ingredientes e minimizar os impactos ambientais causados pelos resíduos de processamento de pescado, geralmente descartados na natureza por indústrias de beneficiamento no Amazonas, foi o foco principal de uma pesquisa, que analisou o nível ideal de substituição de óleo vegetal pelo óleo de resíduo de pescado na dieta de juvenis de tambaqui (Colossoma macropumum). O estudo, desenvolvido no município de Presidente Figueiredo (distante 117 quilômetros de Manaus), contou com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), pelo Programa Fapeam: Mulheres na Ciência.
A coordenadora da pesquisa, a professora em Engenheira de Pesca Thyssia Bomfim Araújo da Silva, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), campus Presidente Figueiredo, explica que os descartes de resíduos de peixes pelas indústrias, em sua maioria, não são feitos de forma controlada e adequada, geralmente são descartados na natureza causando contaminação e prejuízo ambiental.
A pesquisadora acredita que o projeto impactará, imediatamente, a aquicultura do tambaqui e a atividade de beneficiamento de pescado, por fazer uso de um coproduto retirado dos resíduos, que seriam descartados na natureza inadequadamente, pela indústria de processamento, obtido na própria região, incentivar uma adequada nutrição aos animais de produção, além de contribuir com a melhoria da qualidade das rações para peixes e o desenvolvimento da piscicultura no Estado do Amazonas.
Intitulada “Utilização de óleo de resíduo de pescado na alimentação de tambaqui: novas tecnologias para produção e utilização de coprodutos do pescado”, a pesquisa foi desenvolvida no município de Presidente Figueiredo, com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), pelo Programa Fapeam: Mulheres na Ciência.
Segundo a coordenadora, a pesquisa associada a esse impacto tem o compromisso com atividades limpas ou de reduzido impacto ambiental, o incentivo ao setor primário como forma de incremento econômico para o Amazonas, além do desenvolvimento tecnológico da produção animal como um todo, com a identificação de potenciais produtos para uso no setor agrário.
Ela observa que além disso, o Brasil, com toda a sua potencialidade pesqueira e de produção de pescado, carece de processos tecnológicos adequados de refino do óleo de pescado para o uso em alimentação humana e animal.
Thayssa ressalta que os suplementos alimentares à base de óleo de peixe contendo alto teor de ácidos graxos ômega-3, por exemplo, apresentam grande demanda de mercado, porém são processados no exterior e importados apenas para serem encapsulados pelas indústrias brasileiras.
“Esse trabalho contribuirá para a determinação de um protocolo de obtenção de óleo a partir do resíduo de pescado e trará para o setor aquícola uma alternativa regional de incentivo à produção”, acrescenta.
O estudo, já concluído, espera que a atividade da aquicultura seja impulsionada pelo uso de novos ingredientes locais e contribua para a redução dos impactos ambientais pelo resíduo de processamento de pescado.
“A pesquisa espera contribuir com os Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS) em termos de qualidade de produção de alimento, aproveitamento de resíduos e alimentação segura, além de desenvolver atividades do setor primário que é o carro forte do estado”, conclui.
Fapeam: Mulheres na Ciência
O Programa Fapeam: Mulheres na Ciência é uma iniciativa do Governo do Amazonas, por meio da Fapeam, que visa estimular a participação de mulheres na coordenação de propostas nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Ciências Agrárias no interior do Amazonas. O Programa fundamenta-se na existência de desequilíbrio de gêneros entre coordenadores de projetos de pesquisa nessas áreas. Assim, pretende dar visibilidade a projetos e promover o protagonismo feminino no sistema local de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).
FOTOS: Acervo da coordenadora da pesquisa, Thyssia Bomfim Araújo da Silva