A pesquisa pertence ao Programa Universal Amazonas, da Fapeam
Estudar a variedade genética e o sistema reprodutivo da Copaifera multijuga Hayne, mais conhecida como copaíba ou copaíba roxa, além de verificar as possíveis diferenças genéticas entre as árvores produtivas e não produtivas são os principais objetivos da pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, Edital N° 006/2019.
O estudo intitulado “Variabilidade genética de Copaifera multijuga Hayne e sua relação com a produção de oleorresina, visando impulsionar a bioeconomia nas comunidades tradicionais do Estado do Amazonas” configura-se como um estudo de base, em que a partir dos resultados encontrados, novos estudos podem ser realizados, como, por exemplo, análises sobre a identificação dos genes responsáveis pela produção de oleorresina (extratos semissólidos compostos por resina e óleo essencial ou graxo).
A coordenadora da pesquisa, Raquel da Silva Medeiros, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), revela que os objetivos principais do projeto foram alcançados e que todas as coletas necessárias para a obtenção de dados robustos foram realizadas, incluindo amostras de material vegetal (folhas e lenho) tanto de árvores adultas de população natural, como também de plantação e de mudas de regeneração natural (estudo de sistema reprodutivo).
“A partir destas amostras foram extraídos o DNA genômico e dado sequência nas análises de biologia molecular até chegar nos resultados. Foram analisados também os dados de produção de oleorresina das árvores adultas (análise fenotípica), para saber quais delas eram produtivas e quais eram não produtivas, a partir disso separá-las em dois grupos distintos”, disse Raquel Medeiros, que é doutora em Recursos Florestais.
Interesse na copaíba
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Amazonas é o maior produtor do país de óleo de copaíba. Em dados mais recentes divulgados (2021), o estado lidera o ranking com 140 toneladas produzidas, seguido pelo Pará com 16 toneladas. O total brasileiro é de 170 toneladas, isto é, mais de 82% desse volume é amazonense.
As principais espécies de copaíba presentes na região amazônica são a C. reticulata e C. multijuga, sendo esta a mais abrangente em praticamente todo o território estadual. “O óleo de copaíba é muito comercializado pelas comunidades tradicionais amazônicas, principalmente por sua ação anti-inflamatória, cicatrizante, bactericida, dentre outros. Sendo muito utilizado não só na medicina popular, mas atualmente também pela indústria farmacêutica e de cosméticos”, explica sobre a importância da planta.
Resultados alcançados
A pesquisa é pioneira devido ao interesse na identificação do tipo de sistema reprodutivo da espécie Copaifera multijuga. Descobriu-se a predominância da fecundação cruzada ou alogâmica, isto é, significa que uma árvore recebe pólen de outras para completar sua reprodução. Isso resulta na variabilidade genética dessa população natural, em que 95% a 100% da fecundação nas plantas ocorre por cruzamento.
As análises realizadas no estudo evidenciaram também que há diferenciação genética entre árvores produtivas e não produtivas de oleorresina da planta, além da presença de alelos exclusivos para os dois grupos de árvores.
“Com o melhoramento genético, pode-se produzir mudas com as características desejadas, no caso alta produção de oleorresina, logo o produtor que quiser realizar um plantio comercial para extração futura de óleo, terá a certeza que aquelas mudas que ele está plantando serão árvores com alta produção de óleo”, afirma a pesquisadora.
A realização de plantios comerciais pode contornar a questão da baixa densidade populacional da espécie em florestas naturais, além de diminuir a pressão de extração sobre as populações naturais.
Sobre o Programa
O Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, da Fapeam, visa financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas em instituição de pesquisa ou ensino superior ou centro de pesquisa, públicos ou privados, sem fins lucrativos, com sede ou unidade permanente no Estado.
FOTOS: Acervo da pesquisadora - Raquel da Silva Medeiros
*Redação: blogjrnews.com