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Caprichoso abre a noite e o Garantido fecha
Arte & Cultura
Publicado em 25/06/2022

Negritude e ancestralidade presentes na segunda noite de Caprichoso e Garantido

 

Veja o que cada bumbá prepara para esta segunda noite do Festival Folclórico de Parintins

 

A partir das 20h deste sábado, Caprichoso e Garantido dão início ao segundo dia de espetáculos na Arena do Bumbódromo de Parintins. Desta vez, as ordens se invertem: o Caprichoso abre a segunda noite e o Garantido fecha. Lembrando que cada bumbá tem à sua disposição duas horas e meia de apresentação.

 

A transmissão do Festival de Parintins, mais uma vez, será gratuita e exclusiva pela TV A CRÍTICA, tanto em sinal aberto no Amazonas e mais oito estados, como no YouTube da emissora.

 

 

Caprichoso

 

A segunda noite do boi azulado abordará ‘Amazônia-aldeia: o brado do povo’ para falar da floresta como grande mãe que acolhe os povos tradicionais e os que chegam de outras localidades em busca da felicidade, mas também sobre a ilusão de riqueza quando se recebe apenas exploração.

 

Caprichoso abre com a apresentação da figura típica regional ‘O Caboclo da Mata’ para mostrar toda a sabedoria do povo da mata que pede permissão da floresta pra usar suas benesses. E ainda deve mostrar a chegada desse conhecimento aos laboratórios para ser transformado em ciência.

 

A floresta é descortina e se transforma pra a exaltação folclórica ‘Boi de Quilombo’, para exaltar as raízes negras o bumbá e o multiculturalismo da brincadeira de boi que ao longo dos anos ganhou a roupagem amazônida.  A alegoria desse momento terá como figura central Iemanjá e o Caprichoso. Para compor o terreiro será entoada a letra ‘Festança Multicultural’.

 

 Para aproveitar o momento de ancestralidade, o bumbá trará a representação das mulheres indígenas como lideranças tribais e políticas. Logo depois será apresentado a Lenda Amazônia ‘Os Trilhos da Morte’ com a narrativa da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, conhecida como “ferrovia do diabo”, por, segundo os contos, ser abrigo para visagens.

 

O ritual indígena escolhido foi ‘Wayana-Apalai’ que fechará a noite contando a história dos povos que habitam a fronteira do Brasil com o Suriname e que inicialmente eram um só povo, até que surgiram mortes inexplicáveis e trava uma guerra sem saber que na realidade Tuluperê – a fera de duas cabeças era o autor das mortes.

 

 

Garantido

Conforme enfatiza Adan Renê, membro da Direção Geral de Espetáculos, a segunda noite do Garantido é uma aposta na arte como tradução do sensível. “Nesta segunda, temos uma história vista de baixo. Não queremos uma Amazônia visualizada por cima dos satélites, queremos a Amazônia real e falar desse povo invisibilizado pelo decolonial e patriarcal, o grito do povo negro da Amazônia.

 

No momento, há dois grandes quadros cênicos. “Quando trabalhamos a presença negra no boi, sofremos retaliações, como se Lindolfo não fosse negro. O nosso presidente Antônio Andrade é negro. A invisibilização da presença negra ainda é forte e essa presença não está só no Boi Garantido, mas também no contrário”, discursou Renê.

 

O primeiro ato da noite é um resgate da história da cabanagem, que trata da figura típica regional. “Vamos contar isso, onde se reencena essa cabanagem e se dá visibilidade ao povo vermelho da Amazônia, que é o protagonista”, comentou Adan. Já o segundo quadro da noite retrata a época de 1863, em que um viajante passa pela Amazônia e, no Grão Pará, se deparam com o registro de uma xilogravura, onde há duas pessoas negras que representam Pai Francisco e Mãe Catirina, e as pessoas brincando ao redor do boi. Vamos retomar isso, relembrando que esse folguedo é construído por mãos africanas”, destaca ele.

 

Logo após, será aberto um espaço cênico para a lenda de Xandoré e Ticê, onde se conta que Xandoré era o Deus da ira e dono de todo o ódio. Isso era representativo da maldade plantada. Segundo a lenda, Xandoré era tão cruel que não poupava nem as mulheres grávidas. “Só Ticê é capaz de encantar e aplacar esse ódio de dentro dele”, diz Adan, lembrando que a Cunhã-Poranga interpretará Ticê.

 

Já o ritual indígena comporta o tom de resistência e, para isso, foi escolhido “O fim do mundo Karajá”. Este mundo é constantemente destruído e criado, até que o homem aprenda as lições que precisa.

 

Um destaque da noite é o resgate do Belezão (Boi Garantido em tamanho maior) para fazer o banho de cheiro. “Em 1984, Mariangela Faria, mãe de Paulinho Faria, recebeu visita dos torcedores inconformados e jogaram gasolina na piscina. Ela ligou para o filho e disse: ‘Se eles jogaram paus, vamos jogar banho de cheiro. Nisso, o boi gigante vai fazer o tradicional banho de cheiro na arena, com o aroma do patchouli”, pondera Adan.

 

Fotos: Arlesson Sicsú

Fonte: A Critíca

*Redação: blogjrnews.com

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