A Adepam promove espetáculo de fantoches gratuito com o intuito de levar crianças e adolescentes a refletir sobre comportamentos que perpetuam a discriminação, o racismo e o preconceito.
Como parte da campanha ‘RACISMO se combate em TODO lugar’, desenvolvida pela Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep), a Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Amazonas (Adepam) elaborou um espetáculo para discutir o preconceito de forma lúdica em escolas públicas de Manaus. O primeiro espetáculo "O preconceito se corta na infância" será apresentado na Escola Municipal Vicente Cruz, localizada na Avenida Torquato Tapajós nº 6666 – bairro Novo Israel, nesta quarta-feira (27) às 13h30 .
O espetáculo, que utiliza elementos do teatro, dança e música, apresenta o tema sério, que atinge ainda hoje milhões de pessoas em todo mundo, de forma leve e com situações rotineiras, vivenciadas por grande parte dos que já foram vítimas de preconceito.
“A Adepam focou a discussão sobre a infância porque ninguém nasce preconceituoso ou racista. Estes comportamentos, tão nocivos à sociedade, são aprendidos ao longo da vida e muitas vezes reproduzidos sem que a pessoa sequer entenda o alcance da dor que está infringido ao outro. Os fantoches interagem com o público, chamando a atenção para o certo e o errado, estimulando a boa convivência”, pontuou o presidente da Adepam, defensor público Arlindo Gonçalves.
A primeira apresentação será realizada para estudantes do ensino fundamental II, da Escola Municipal Vicente Cruz. “Projetos que envolvam temáticas que esclareçam o aluno em relação a sua convivência em sociedade sempre são bem vindos em nossa escola. Acreditamos que o aluno é um ser social em constante evolução. Através de ações que provoquem o debate com assuntos pertinentes, é possível melhorar o convívio social a partir da conscientização sobre os valores, direitos e deveres de cada um”, destacou a diretora da escola, Nádia Santana.
Ela ainda salientou que projetos como este podem despertar o interesse de gestores de outras escolas. “Nossa expectativa é ampliar a discussão sobre o tema com nossos alunos assim como estreitar a parceria com a instituição para futuras ações em prol de nossos alunos. A SEMED (Secretaria Municipal de Educação) hoje trabalha na perspectiva de que as parcerias colaboram para a construção de uma Manaus melhor para se viver”, reiterou Nádia Santana.
Os fantoches serão manuseados por atores do ‘Incena – Centro de Artes’, que tem como coordenadora a atriz e diretora Jaqueline Ferreira. A profissional, mesmo tendo 32 anos de carreira e um respeitado currículo, ainda sofre com o preconceito por ter a pele morena. “Quis fazer este espetáculo porque me senti representada. Recentemente, fui a uma loja num shopping da cidade comprar um par de sapatos. A loja estava cheia, mas a vendedora seguia apenas a mim. Para ela parar de ficar nas minhas costas, vigiando cada peça que eu tocava, tive de ser incisiva. Perguntei se era por causa da minha cor que ela acha que eu ia roubar o sapato e tinha de ficar tão perto de mim”, relembrou a artista, que aceitou fazer o espetáculo logo que soube da temática.
Esclarecimento de dúvidas
Ao final do espetáculo, a integrante da Adepam, a defensora pública Adriana Ramos, irá conversar com alunos e professores sobre as atitudes que configuram preconceito e sobre as ações que podem ser tomadas quando isso ocorrer.
“A sociedade pode ajudar reconhecendo a existência do racismo e promovendo ações afirmativas que mudem o cenário. A política de quotas em universidades públicas e nos concursos públicos é uma forma de implementar a igualdade racial. Professores podem promover a leitura de obras que abordem o tema de forma lúdica para ampliar a assimilação. Além disso, podem priorizar obras de autores negros para ter um contra ponto em relação a história oficial”, destacou Adriana Ramos.
A defensora também fez um aleta para professores e gestores de escolas públicas quanto a um tema que tem despertado preocupação entre pais e responsáveis. “Professores e diretores também devem estar atentos ao bullying dentro das escolas. Além de reprimir, devem abordar o tema de forma a promover a educação por meio do conhecimento dos direitos individuais. Seja realizando palestras, seja promovendo rodas de conversas entre os alunos”.
Foto: Divulgação
Fonte: Shirley Assis
*Redação: blogjrnews.com